19/10/2010

FACTOIDES: Sei Quem Sabe

Uma escola do Secundário organiza todos os anos questionários que envia a pessoas ligadas à área científica que os alunos estão a estudar. Aprendem-se imensos factoides. Reparem bem na série que me saiu a mim:

1 – O que é um gene?

Um gene é um segmento de DNA, devidamente enroscado ao longo do seu segmento específico no braço do devido cromossoma durante a divisão celular, que codifica a organização no citoplasma da proteína ou conjunto de proteínas a que dá origem – e, assim fazendo, codifica para o aparecimento das suas características especiais.

Estas características, passadas ao acaso de geração em geração, vão de coisas tão simples e patuscas como a cor dos olhos, as sardas, ou os caracóis no cabelo, a coisas tão complexas e dolorosas como o nanismo, a fibrose multicística, ou o cancro da mama.



2 – O que é o Projecto Genoma Humano?

O HUGO (HUman GenOme Project) é um projecto de investigação que começa a dar os primeiros passos do final da década de 80 do século XX, e que representa o investimento mais caro em Biologia que alguma vez se conheceu à escala mundial. Trata-se de montar uma técnica que nos permita decifrar, uma por uma, todas as sequências de genes que compõem o genoma humano, podendo depois esta técnica ser também aplicada noutros animais. O estudo concluiu-se já no século XXI. Ficámos a saber várias coisas interessantes. Por exemplo, agora sabe-se que, do ponto de vista biológico e científico, não há mesmo qualquer espécie de diferença entre as várias raças do género humano. Também tivemos que engolir o facto de agora sabermos que, geneticamente, não somos assim tão diferentes das moscas e dos vermes como isso.



3 – Qual é a precisão de um teste de ADN?

Absoluta.



4 – A partir de que amostras se pode realizar o teste de paternidade?

Supostamente, poderíamos realizá-lo através de toda e qualquer amostra de tecidos da criança e do pai, já que todas as nossas células têm rigorosamente a mesma informação dentro do seu núcleo – só diferem no tipo de genes que, a cada momento, têm activados ou desactivados. Regra geral, utiliza-se uma análise sanguínea devido à facilidade de obtenção e manipulação da amostra.



5 – Poderemos, no futuro, acabar com todas as doenças por manipulação genética?

Claro que não. Em primeiro lugar, o nosso organismo contrai, ao longo das nossas vidas, um número muito grande de doenças que são causadas pelo ambiente, e não por qualquer segredo da genética: é a picadela de um mosquito que causa a malária, assim como é o contacto do nosso sangue com o sangue de uma pessoa infectada que causa a SIDA. A genética não tem nada a ver com estas coisas, pelo que a engenharia genética não pode curá-las. A gripe comum é causada por um vírus: mesmo com vacina, como o vírus se adapta, acabamos sempre por apanhá-la. E, em segundo lugar, não podemos esquecer-nos de que a Natureza é um alvo em movimento: nós descobrimos como curar certas pragas, como a sífilis ou a tuberculose, e ela inventa uma praga nova, como a SIDA ou o vírus de Ebola.



6 – O ser humano evolui biologicamente?

Do ponto de vista evolutivo, o Homo sapiens não está propriamente a evoluir, ou seja, a dar sinais de vir a ramificar-se em três ou quatro espécies diferentes. A única coisa que faz é especializar-se: tende a ter cada vez mais habilidade para explorar os seus recursos e capacidades especiais (no caso dos humanos, o espantoso cérebro com lobo frontal e a consequente consciência), desleixando outras capacidades competitivas, como a velocidade, a dentição, ou a cobertura pilosa. Há vários casos de espécies que se especializam de tal forma que, evolutivamente, acabam por entrar num beco sem saída. Do ponto de vista da velocidade da luz, não fazemos a mínima ideia do destino que nos espera.



7 – Podemos vir a ser muito diferentes no futuro?

Não. Podemos vir a viver mais anos, a manter a aparência jovem até mais tarde, podemos ter melhor qualidade de vida ao mesmo tempo que nos tornamos mais indefesos e sensíveis perante oscilações ambientais vindas do exterior, até podemos perder mais uns pelos. Provavelmente, ficaremos mais altos. Mas não vamos ser assim tão diferentes do D. Afonso Henriques como isso.



8 – Quem foi Mendel?

Gregori Mendel foi um frade austríaco que viveu na segunda metade do século XIX, estudou durante décadas os padrões de reprodução das cores em gerações sucessivas de ervilhas-de-cheiro que mandava o jardineiro plantar nos jardins do convento, e fez tudo isto com tanto afinco que conseguiu apresentar ao mundo as duas grandes primeiras leis da hereditariedade: na primeira geração as características herdadas são metade da mãe e metade do pai, e na segunda geração tínhamos 25% da mãe, 25% do pai e 50% de mistura. Também foi ele o primeiro a perceber que esta informação hereditária estava guardada em segmentos precisos do cromossoma, a que nós hoje chamamos os genes e a que ele, na altura, chamou os factores.

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