31/01/2011

A VER: O Entomólogo da Regaleira



Na fotografia, António Augusto de Carvalho Monteiro (1848-1920), célebre idealizador da Quinta da Regaleira, em Sintra. Para além do monumento que o tornou conhecido, Carvalho Monteiro foi um coleccionador de espécimes zoológicos, nomeadamente borboletas, de que reuniu vários exemplares. Teve ainda uma colecção de conchas e outra de orquídeas. Homem de cultura, foi também um dedicado estudioso d' Os Lusíadas. Na imagem, Carvalho Monteiro aparece com um grande conjunto de equipamento para investigação entomológica, algum do qual desactualizado, mas cujo uso, como investigador naturalista que foi, deveria conhecer perfeitamente. Um homem invulgar, cujo percurso não é ainda todo conhecido. A aprofundar.

Fonte: Gonçalo Pereira e António Luís Campos, «A mansão e o filósofo», National Geographic Portugal, vol.10, nº112, Julho de 2010 [s. nº de pp.].

03/01/2011

APELO DA SELVA: A Biologia da Crise


Este cartoon é uma referência à descoberta de um dipluro, insecto apterigota, numa gruta algarvia pela bióloga Sofia Reboleira. São animais muito pequenos, com cerca de 3 mm, desprovidos de olhos e asas, sendo, no plano na evolução, antepassados dos insectos que commumente conhecemos. Este agora descoberto - o Litocampa mendesi - está adaptado à vida nas grutas, onde forma uma comunidade relativamente reduzida.
Diário de Notícias, Ano 147º, nº 51768, p.31 (notícia) p.54 (cartoon) [3 de Janeiro de 2011].

VOZES: Mais um ano

E pronto, cumprimos mais um ciclo de mais um ano.
São absolutamente espantosos, todos estes ciclos que mantêm a Natureza em equilibrio -- e sempre à procura de mais, de melhor, de qualquer coisa outra.
Venham comigo, sentir o que eu senti:


Démos o nosso Melhor para celebrar o renovar cíclico da vida.


São tantas e tantas as frases feitas à volta deste ritual, que gostaria de personalizar um pouco esta “encomenda” quase obrigatória – e mando-a só hoje, depois de já estar tudo feito e dito, para que não se perca na enxurrada de outras mensagens. Antes de escrever, pensei muito.

Estas festas anuais são, sobretudo, o grande mistério.

Cristo transcende-nos até aos nossos dias não só porque ele mesmo é “transcendência”, mas também porque, pela primeira vez, Deus se torna homem: Ecce Homo passa por uma “Vida, Paixão e Morte” como qualquer um de nós.

Ressuscita – regressa de entre os mortos e ascende à eternidade – de onde veio. É um Deus. Nós não podemos fazer o mesmo.

Uma vez por ano – simbolicamente – Cristo repete a travessia.

E, com ele, todos nós.

Uma vez por ano, apaixonados pelo mistério, os amputados afectivos globais fazem longas travessias para regressar ao ninho onde se encontra a sua ascendência ou descendência; a família passa a ser a sua “transcendência”.

A “pátria” – uma vez por ano, ao menos – transforma-se realmente em “matria”, como queria Natália Correia.

Esse seio onde estão os nossos passa a ser o universo, independentemente do país onde nos encontramos; independentemente da solidão e pobreza dos exilados de todo o mundo, que tudo fazem para reinventar a sua família mesmo que seja apenas numa garrafa solitária.

Por momentos, os habitantes do planeta sentem uma espécie de abraço quente que vem de todas as partes e vai para todo o mundo.

Maior milagre que este?

É um mistério.

Não há possibilidade científica de certificar a origem nem a verosimilhança dos sucessos ocorridos há mais de dois mil anos. O facto é que funciona o milagre da renovação e tudo se torna real.

O facto é que milhares de milhões de pessoas gozam desta unidade emocional, Independentemente da sua religião ou da sua descrença.

Que o milagre frutifique em nós, desta vez melhor do que nunca.