03/01/2011

VOZES: Mais um ano

E pronto, cumprimos mais um ciclo de mais um ano.
São absolutamente espantosos, todos estes ciclos que mantêm a Natureza em equilibrio -- e sempre à procura de mais, de melhor, de qualquer coisa outra.
Venham comigo, sentir o que eu senti:


Démos o nosso Melhor para celebrar o renovar cíclico da vida.


São tantas e tantas as frases feitas à volta deste ritual, que gostaria de personalizar um pouco esta “encomenda” quase obrigatória – e mando-a só hoje, depois de já estar tudo feito e dito, para que não se perca na enxurrada de outras mensagens. Antes de escrever, pensei muito.

Estas festas anuais são, sobretudo, o grande mistério.

Cristo transcende-nos até aos nossos dias não só porque ele mesmo é “transcendência”, mas também porque, pela primeira vez, Deus se torna homem: Ecce Homo passa por uma “Vida, Paixão e Morte” como qualquer um de nós.

Ressuscita – regressa de entre os mortos e ascende à eternidade – de onde veio. É um Deus. Nós não podemos fazer o mesmo.

Uma vez por ano – simbolicamente – Cristo repete a travessia.

E, com ele, todos nós.

Uma vez por ano, apaixonados pelo mistério, os amputados afectivos globais fazem longas travessias para regressar ao ninho onde se encontra a sua ascendência ou descendência; a família passa a ser a sua “transcendência”.

A “pátria” – uma vez por ano, ao menos – transforma-se realmente em “matria”, como queria Natália Correia.

Esse seio onde estão os nossos passa a ser o universo, independentemente do país onde nos encontramos; independentemente da solidão e pobreza dos exilados de todo o mundo, que tudo fazem para reinventar a sua família mesmo que seja apenas numa garrafa solitária.

Por momentos, os habitantes do planeta sentem uma espécie de abraço quente que vem de todas as partes e vai para todo o mundo.

Maior milagre que este?

É um mistério.

Não há possibilidade científica de certificar a origem nem a verosimilhança dos sucessos ocorridos há mais de dois mil anos. O facto é que funciona o milagre da renovação e tudo se torna real.

O facto é que milhares de milhões de pessoas gozam desta unidade emocional, Independentemente da sua religião ou da sua descrença.

Que o milagre frutifique em nós, desta vez melhor do que nunca.

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