The mind has no sex?, de Londa Schiebinger, foi publicado pela Harvard Press já em 1991, e continua à espera de um editor português suficientemente ousado para querer levantar entre nós as questões que a maioria dos portugueses ainda desconhece -- nomeadamente, no caso vertente, toda a gama riquíssima de material publicado nas duas últimas décadas no âmbito dos chamados women studies (tendencialmente varridos antes para debaixo do tapete, já que a história foi escrita por homens, e não por mulheres). Um bom exemplo do interesse deste tipo de publicações são os debates que nelas encontramos e de que nunca nos lembraríamos -- a saber, por exemplo: que sexo tem a alma? Consensualmente, até à Revolução Científica, parte-se do princípio de que todas as almas são masculinas, já que depois de mortos seremos perfeitos, e a perfeição é a masculinidade. Santo Agostinho, pelo contrário, defende que as almas, ao perderem o corpo que as contém, perdem também as caracteríticas sexuais, pelo que todas são assexuadas. Já Tomás Aquino defende uma posição diferente, ao sustentar que a alma não perde o sexo , mas, no caso feminino, o sexo perde a definição: as almas das mulheres são femininas, mas, como não podem executar a função natural da mulher -- engravidar -- perdem a feminilidade.
05/10/2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário