SEMPRE SE CONHECE MAIS GENTE
A rã é sul-africana. Ao contrário do que caracteriza a nossa imagem das suas congéneres, não coaxa: é muda. E não tem culpa nenhuma de se chamar Xenopus laevis. Provavelmente terá outro nome, em zulu, ou em ronga, mas os comunidade científica internacional nem quis saber: agarrou no nome científico do bicho e transpô-lo, assim mesmo, para as bancadas dos laboratórios. Hoje há quem tenha aquários com eles em casa porque os seus olhos de pérola são encantadores e as suas mãos espalmadas de dedos em garra são muito queridas, mas o animal de estimação não deixou de chamar-se Xenopus com a mudança de estatuto. O nome dele vale 65 pontos num jogo de Scrabble.
O que se segue é a demonstração de como os modelos científicos nos são úteis, em três entradas de escala de interesse crescente.
1 – UM XENOPUS SERVE DE TESTE DE GRAVIDEZ
Basta qualquer mulher injectar um bocadinho de urina por baixo da pele de uma fêmea de Xenopus. Se a mulher estiver grávida, a rã começa logo a ovular.
2 – VÃO ENSINAR-NOS MAIS SOBRE O AUTISMO
Alguns laboratórios começaram recentemente a fundir ovos de Xenopus com células cerebrais de autistas mortos. Estes modelos compostos são úteis porque mantêm os neurónios a funcionar como se ainda estivessem num cérebro humano, mas a parte anfíbia que diz respeito ao ovo não responde a todas as substâncias químicas e aos neurotransmissores que estão a ser testados.
3 – SEMPRE SE CONHECE MAIS GENTE
Atenção que o planeamento da 13th International Xenopus Conference de 2010 já começou. Sempre é uma maneira original e criativa de conhecer mais gente.
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