"E pensarmos nós, caro Chagas, que enquanto você está aí ocupado a compor no "Atlântico" uma formidável equação algébrica, para provar (Deus me perdoe!) não sei que coisas sinistras sobre as Molucas; enquanto eu estou aqui abandonado a este palrar indiscreto - o grande Darwin publica o seu livro do "Movimento das Plantas", o professor Huxley lança o seu grande manifesto da "Educação Científica contra a Educação Clássica", Zola dá-nos o seu prodigioso trabalho sobre "Gustavo Flaubert", tantos outros trabalham e criam, e o Génio do século forja, com um ruído sublime, na sua bigorna de bronze e ouro, as ideias e as palavras que ficam. E nós aqui a escrevinharmos não sei que coisinhas minúsculas, que, apenas rabeiam um momento sobre o papel, são logo pó imperceptível!..." [a propósito de um artigo de Eça de Queiroz sobre Portugal, que Pinheiro Chagas disse ter insultado o País]
Eça de Queiroz, Notas Contemporâneas, Lisboa, Livros do Brasil, 2000, pp.60-61 [primeira edição em 1909, póstuma].
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