Com este breve esboço biográfico, tentei dar a conhecer Rómulo de Carvalho como pessoa e como divulgador de ciência. Termino esta viagem, com Rómulo de Carvalho enquanto poeta. Lembro que a sua poesia era assinada sob o pseudónimo de António Gedeão, sendo da sua autoria, poemas de sempre como "A Pedra Filosofal" ou "Lágrima de Preta". Este último poema transcrevo-o em baixo. Note-se
o talento de Rómulo, que até conseguiu que as suas duas amantes vivessem juntas - refiro-me, claro, à ciência e à poesia. Não esquecer que o dia 24 de Novembro, dia do seu nascimento, é celebrado desde 1997, como o Dia Nacional da Cultura Científica. Sem mais delongas, segue o poema.
“Lágrima de Preta” – António Gedeão in Máquina de Fogo
“Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio."
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